No jornalismo esportivo, paixão pelo esporte ajuda, mas não garante vaga
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- 3 de dez. de 2017
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Atualizado: 11 de dez. de 2017
Estudantes e profissionais destacam que é preciso humildade para aprender e muito empenho para trabalhar em inúmeros fins de semana

Guilherme Coreixas, coordenador de conteúdo do Esporte Interativo
Muitas pessoas entram na faculdade de jornalismo com um sonho: trabalhar com esporte. Esse pode ser o seu caso também. Como transformar isso em realidade? Onde estão as vagas para essa área?
Em meio a tantas dúvidas, é fundamental entender o que as empresas buscam nas candidatas e candidatos, além de saber como se portar em um processo seletivo. Guilherme Coreixas, coordenador de futebol internacional e conteúdos especiais do Esporte Interativo, Kleber Pizão, estagiário na Fox Sports, e Ana Luiza McCauchar, coordenadora de Recursos Humanos do Esporte Interativo/Turner, dão dicas a quem quer cobrir jornalismo esportivo.
Na hora da entrevista, é fundamental mostrar disposição, ter humildade e estudar sobre a vaga e a empresa. Guilherme Coreixas diz que a falta desses cuidados é o que o faz descartar uma candidatura. Coreixas destaca a importância de vestir a camisa: “A vontade de entrar na empresa e fazer a diferença dá pra perceber com uns 5 minutos de conversa. Logo vejo se o cara está a fim de ralar, trabalhar fim de semana e viver a nossa rotina. Se chegou até a entrevista individual, ele domina as técnicas para a vaga. De resto, quase tudo se aprende no dia a dia”.
No momento atual do jornalismo, muito tem se falado sobre conhecimentos em outras áreas da comunicação, além de noções de empreendedorismo. Num estagiário, Ana Luiza McCauchar diz valorizar o conhecimento em esportes, mas cita também a capacidade de conectar diferentes assuntos e, o mais difícil, “a visão de negócios que o candidato demonstra”.
Kleber Pizão, estudante de Jornalismo da UFRJ, é um especialista nos estágios na área esportiva – até o momento, já foram quatro, e atualmente ele estagia no canal de TV Fox Sports. Em 2015, Pizão entrou no mundo do esporte através da Copa Campus, um torneio universitário de Futebol de 7 promovido por uma organização de ex-alunos. Lá, Pizão e seus companheiros escreviam resenhas sobre os jogos e faziam entrevistas com os jogadores. Logo após, ele passou a trabalhar no Noticiário Paralímpico, entre 2015 e 2017. “Era um projeto da faculdade que acabou dando certo. Cobrimos até as Paralimpíadas aqui do Rio in loco”, disse o estudante.
Em seguida, Pizão começou seu estágio na Rádio Tupi. Ele conta que, inicialmente, entrou na empresa para outra função, mas acabou voltando à área que já conhecia. Ele diz também que, no processo de entrada na rádio, não sentiu dificuldade alguma. Já para entrar no esporte, a adaptação foi um pouco difícil, devido à velocidade do dia a dia.
Em setembro de 2017, Pizão começou no seu atual estágio, na Fox Sports, após um processo seletivo em duas etapas, ambas eliminatórias. “Na primeira, tivemos entrevistas em grupo de cerca de 20 minutos com o RH, falando um pouco mais sobre a vida acadêmica, experiências anteriores, envolvimento com esportes e conhecimento sobre o canal e redes sociais. Na segunda, conversamos brevemente com o gestor da área sobre como funciona o trabalho, apresentação de projetos, etc. Nessa fase, também fizemos uma prova escrita envolvendo análise de textos e conhecimentos do canal, de esportes e em redes sociais e web. Recebi o retorno positivo dentro de algumas horas”.
O estudante ressalta a importância de prestar atenção às vagas divulgadas em grupos e no boletim interno repassado via e-mail da faculdade – das suas quatro experiências, três foram descobertas por esses meios. Pela jornada de seis horas diárias, o Esporte Interativo paga R$ 950 aos estagiários, e a Fox Sports, R$ 1.300. Mas atenção: há alguns traços nos candidatos que significam game over em um processo seletivo. Para Coreixas, “soberba, se achar bom demais para a vaga ou empresa, não estar a fim de roer o osso” são características desagradavelmente notadas por líderes de equipes já acostumados a entrevistar candidatos às vagas de estágio. Já do ponto de vista de recursos humanos, McCauchar reforça que nem tudo pode ser resolvido à base da paixão pelo esporte.
“Essa conexão emocional é fundamental, mas é importante ir além disso. Muitos candidatos focam tanto nesse lado emocional que ficam superficiais. Com a mudança rápida do mercado de mídia, o estudante precisa estar sempre atualizado, ampliando sua atuação e seu entendimento para área correlatas ao jornalismo, como a publicidade, o marketing, plataformas digitais, entre outras. Fatores mais práticos como erros na escrita, ausência de idiomas e conhecimento raso sobre esportes ou focado apenas em futebol, por exemplo, também atrapalham”, alerta.
Se você ama esportes e está preparado para trabalhar muito, já sabe por onde começar. E não custa lembrar: prepare-se para trabalhar muitos fins de semana, já que a maioria das competições esportivas ocorre nesses dias.
Christiana Sobral, Isabella Pavão e Paulo Vitor Marien
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